O DIABO DO CARNAVAL
Merlânio Maia
Ninguém se engane ou se iluda
Que em tempo de carnaval
O "capirôto" se solta
E a debandada é geral
A cachaça dá o tom
E a droga aumenta o som
O povo perde o pudor
Ninguém tem pena de nada
E a multidão desvairada
Bota o diabo no andor
Na onda do "pula-pula"
Com a "zuada" "truano"
Quem tá vestido se despe
Fulano agarra sicrano
Pois seja homem, ou mulher
Venha de onde vier
Que o sexo louco se faz
Mulher com mulher se agarra
Homem com homem na farra
Santo vira satanás
Tem cabra que o ano inteiro
Sonha com o carnaval
E quando chega esse dia
Sai da sua vida normal
Muda o jeito empiriquita
Bota um vestido de chita
Pinta a boca de baton
Sai rebolando e beijando
Os outros homens cantando:
- Isso é que é carnaval bom!
A história se repete
Que a quebradeira é geral
A história se repete
Que a quebradeira é geral
Tem gente que cai na dança
Pensando em fazer o mal
Roubo, furto e violência
Nessa data é ocorrência
Que nem polícia dá conta
É o "ninguém é de ninguém!"
Só chamego e xenhenhem!
E ali a doideira apronta
A bebida é consumida
Como soro em hospital
Se pudesse era na veia
E a droga encontra um canal
O batuque é louvação
Desse reinado do cão
Onde o doido mete os peito
No passo desengonçado
O certo é quem tá errado
E o torto é quem tá direito
É "caboquim" mascarado
E embriagado na rua
É caboquinha aos pinote
Bebendo e ficando nua
E o diabo até dança frevo
Apalpa todo relevo
No calor do "vuco-vuco"
E é nesse esfrega-esfrega
Que toda moral se entrega
Num "ribuliço" maluco
Ninguém pensa no amanhã
Que é hoje que a coisa vai
Tem pai que fica tam-tam
Filho que na droga cai
Na cinza da quarta-feira
A ressaca é a companheira
De um remorso infernal
É imenso o prejuízo
Desses que perdem o juízo
Com o diabo do Carnaval!